Entrevista exclusiva com Ingrid Guimarães

No filme De pernas pro ar, você vive uma workaholic que tem dificuldade em dar atenção à família. Na sua vida, como você equilibra as funções?

Eu trabalho, mas estabeleço prioridades. Uma delas é minha filha. Hoje, só aceito qualquer trabalho primeiro pensando nela.

Você planeja ter outros filhos?

Sim, mais um. Tenho duas irmãs, minha família é de Goiânia e a gente é muito unida. Quero que a minha filha tenha irmão e a mesma vivência.

Suas irmãs chamam Sigrid e Astrid. De onde vieram os nomes?

Astrid, Sigrid e Ingrid são três princesas suecas. Meu pai e minha mãe leram num livro e acharam lindo. É legal, todo mundo pergunta se a gente é alemã, sueca...

No filme, a rotina impede que o casal faça sexo com frequência. Como você faz?

Não tenho nenhuma regra. Somos um casal normal, acontece quando dá, quando a gente quer, mas a gente sempre faz programas a dois. Quando a Clara tinha 10 meses, fui só com meu marido para a África.

Aparecem brinquedinhos sexuais no filme. Você é adepta?

Olha, já fui. Sempre gostei. Hoje em dia, esse universo está meio distante. Ainda estou com neném pequeno, amamentei até os 11 meses. Então é um universo que não combina com meu momento, mas já usei, já visitei muito sex shop com amigas.

Você levou a atriz Gabriela Duarte a um sex shop em Londres?

Sim. A gente foi ver o que tinha de novidade. Lá fora, ninguém está muito interessado na vida alheia. Não é igual aqui no Brasil, que é uma fofoca ambulante. É capaz de eu comprar um vibrador e no dia seguinte estar no Twitter.

Teve algum objeto que você descobriu durante as gravações?

Não, mas tinha uns vibradores de três pontas, fiquei pensando: “Gente, onde é que enfia isso?”.

Você já disse que gente sem humor é broxante. O que mais faz você broxar?

Violência na hora do sexo. Isso realmente não combina comigo. Eu respeito quem gosta, mas não é a minha mesmo.

Então, “um tapinha não dói” não vale para você?

Não, para mim, não.

Quando você foi filmar De pernas pro ar, sua filha estava com quatro meses. Como foi fazer um filme que trata de sexo tão pouco tempo após dar à luz?

Era muito distante do que eu estava vivendo. Por um lado, foi até bom, porque me trouxe um pouco para esse mundo. Normalmente, a gente demora muito para voltar, a libido vai para outro lugar.

Já estava segura com seu corpo?

Como já sabia que ia voltar logo, não enfiei o pé na jaca durante a gravidez. Até porque estava no ar, fazendo a novela Caras e bocas (2009). Depois que voltei, não podia fazer dieta porque estava amamentando, mas fiz drenagem, massagem, além de uns tratamentos estéticos.

Recentemente, sites publicaram fotos suas, afirmando que você estava grávida de novo. Como você lida com fofoca, paparazzi?

Fiquei muito chateada, pensei até em processar. Quando não quero ser fotografada, não vou aos lugares onde sei que eles estão. Só que eles estão passando dos limites. Na suposta foto da gravidez, eles me pegaram dentro da minha casa, em Búzios. Isso é invasão de privacidade. Estou supermagra, mas estava numa postura relaxada. Até a minha vó me ligou, perguntando se eu estava grávida mesmo.

Sendo humorista, tem gente que pede para você contar piada?

Não piada, mas tem gente que acha que vai sair comigo e eu vou divertir a pessoa. Eu não sou desse tipo que faz show em festa, que anima a mesa do bar. Nunca fui. Odeio ter essa obrigação de ser miquinho de circo. Tem hora que a gente não está a fim de rir, não está a fim de puxar assunto.

Você diz que você e a Heloisa Périssé são amigas do fracasso. Passaram muito aperto juntas?

Uma vez, a Heloisa foi chamada para fazer um stand up comedy no Piauí. Ela me ligou chorando, pedindo para eu fazer uma participação especial. Eu fui. Chegando lá, não tinha camareira, fiz o serviço de troca de roupa, mas ninguém foi. Zero. Era uma casa com dois teatros, então, a gente ficou na porta, chamando as pessoas para irem de graça ao show dela. Até hoje eu falo: “Você nunca me pagou por aquele dia”.

Você e Heloisa brigam por quais motivos?

Sempre por coisa boba, de convivência mesmo. A gente é sócia, tem conta conjunta, mas nunca brigou por dinheiro. Eu sou madrinha da filha dela, nossas famílias são amigas. A gente brigava pra caramba, mas depois já estava indo ao cinema. Ninguém entendia.

A Heloisa Périssé é evangélica. Vocês falam sobre Deus?

Muito, comecei a ler a Bíblia muito por causa dela. A gente acha que o sucesso de Cócegas tem a mão de Deus. Sou católica, meus pais são espíritas. Minha filha foi batizada na Igreja Católica, mas a Heloisa me mostrou um lado da igreja evangélica que me faz dizer que sou simpatizante. Ela é presbiteriana. Quando estou me sentindo pesada, os pastores dela vão lá em casa e oram comigo.

Quando começou a trabalhar na televisão, você teve problemas por não seguir o padrão de beleza?

Hoje, a comédia é libertadora. Na comédia, você pode ser qualquer tipo. Quando comecei, existia aquele humor tradicional, em que tinha a feia e a mulher de biquíni. Eu lembro que, quando eu fazia o Chico total (1996), tinha a Zezé Macedo numa cena e a Monique Evans de biquíni, numa outra. Tinha muito essa divisão.

E acha que ficou mais bonita?

Ah, com certeza. Eu sou igual ao vinho: melhorei muito com o tempo.

Como se sentiu quando foi convidada a posar nua na Playboy?

Sou muito bem resolvida com a minha autoestima. Faço terapia há 12 anos. Então, nunca tive esse problema na minha vida pessoal, mas é claro que foi uma massagenzinha no meu ego, né? Nunca quis me expor desse jeito. Não estava precisando de dinheiro na época.

Como foi sua infância?

Foi maravilhosa. A nossa casa tinha quatro quartos, mas eu e minhas irmãs dividíamos um. A gente andava pelas ruas apertando as campainhas e saindo correndo descalça.

Você era muito magrinha. Sofreu algum tipo de bullying?

Hoje eu agradeço, tenho uma genética maravilhosa. Eu tinha uma amiga que era magra igual a mim. Então, quando a gente levantava, todo mundo falava: “Madeiraaaaaa”. Só que as que falavam isso hoje estão gordas e a gente está bem gostosa (risos).